E
O café esgota-se num par de tragos amargos e a pop batida sai num assobio e palavras de ordem neutras dos altofalantes e todos procrastinam nas mesas de esplanada enquanto outros algarvam sob raios ultra-violeta e protecções totais ou trabalham ao domingo como maratonistas ao sol e descobri na net que a procrastinação é uma doença socialmente incompreendida e até pessoas razoáveis mandam as crianças afastar-se do fumo que cospem para o céu em pleno ar livre e a indústria do petróleo não pretende permitir alternativas realmente funcionais e a gripe aterrorizante passa de ecrã em ecrã e uma mão lava a outra pelo menos dez vezes ao dia e os corruptos coçam a barriga e falam por vezes da escravatura em países longínquos como universos alternativos e todos se encontram de algum modo no centro que todos invejam e desejam e não se deve beber quantidades subjectivas porque faz mal e pode ser censurável e os hipócritas afirmam que o mérito será recompensado às massas sem horário a quinhentos euros mensais e tudo é meia bola e força de excelência nacional e o fundo negro do café esfriou como um cadáver inerte ao som da pop indiscernível e todos querem atingir os cem com a pele lisa e lustrosa e a memória escorrega como um bichinho misterioso por um gargalo largo neste início do século vinte e um...
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