O eco dos meus sapatos
Escuta, se assim te apraz, o eco dos meus sapatos,
Velhos, gastos, usados, os meus sapatos...
Sapateiam toneladas,
Os meus sapatos baratos,
Os meus sapatos fantasmas!
Vê que pesado percurso
Percorrem os meus sapatos,
No cimento tão intacto
Como não deixam pegadas...
É noite em todas as ruas,
É noite em todos os campos,
É noite em todas as luas,
No uivo de todos os astros
E os cães chamando a desgraça
Nos becos e nos portões...
O eco dos meus sapatos...
Escuta-o, mas não te detenhas.
Não te transformes em sal.
Um dia, de tal caminhar,
Gastam-se os ecos e as solas,
Gastam-se até as memórias...
Que memórias? Que se gasta?
E os sapatos a ecoar
A sombra de quem se não vê...
Imagem de www.artist-doug-carpenter.i12.com (tela de Van Gogh).
1 Comments:
Un día se gastan los ecos y hasta las memorias...
Y sólo en las suelas se nota.
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