quarta-feira, março 08, 2006

Queres que eu te seja sincera?


- Queres que eu te seja sincera?,
pergunta uma mulher em conversa.
Não, minha cara. Mente-me, engana-me,
Faz de mim gato-sapato,
Sorri da esperteza implacável,
Mente e mente com mestria,
Como a aranha, ciosa, fiando teias viscosas,
A artista tecendo palavras, sons, símbolos, ideias,
Talvez recebas, enfim, algum Nobel especial!
- Queres que eu te seja sincera?
Sinceridade para quê?
Poderias dizer disparates...
A mais profunda das interrogações é
Saber se és, quando perguntas, sincera.



Imagem de www.progressiveart.com.

Poema de Joaquim Camarinha

4 Comments:

Blogger Jorge Simões said...

Why not really?

3:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Se quiseres, todos nós sabemos mentir!!!

E o que é ser sincero? A sinceridade é uma palavra e
o poeta é um fingidor... Se lhe mentem, zanga-se; se lhe dizem a verdade, tem medo.

Bom trabalho

Admiradora

1:17 da tarde  
Blogger Jorge Simões said...

Não sei se Joaquim Camarinha teria medo. Como não sou efectivamente ele, não posso falar em seu nome. E ele, com os pontos em comum que poderia ter comigo e eu com ele, foi um ser tão exclusivo como qualquer um de nós (por isso, heterónimo; por isso, nunca pseudónimo) e morreu na Venezuela. No entanto, consultando, agora assim de repente, a minha tábua ouija dos espíritos longínquos, parece-me que ele me diz que a inspiração para estes versos, nem sequer dos melhores que fez, na minha modesta opinião, nasceu da conversa ouvida de lado entre duas amigas que se sentavam numa mesa de café próxima. Um obrigado pela visita e pelo comentário.

2:20 da manhã  
Blogger Jorge Simões said...

E acrescento, para todos os leitores que eventualmente e em algum momento possam julgar ver-me cair numa certa confusão, que o facto da resposta que um dia Joaquim deu a uma tal Alma, como outras respostas que noutros locais existam, surgir com a minha assinatura não passa de uma incongruência do próprio blogger que decidiu, no momento em que o blog passou a ser assinado por mim, transformar todos (ou quase todos; assim de memória, tenho a impressão, certa ou errada, de que talvez algumas assinaturas se tenham mantido com o nome original. Mas nem sequer garanto e não acho que faça sentido) os Joaquins Camarinhas em Jorges Simões. Foi também por isso que me vi forçado a acrescentar um "Poema de Joaquim Camarinha" por baixo de cada poema que, na verdade, deveria conter a sua assinatura.

3:32 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home

advertising
advertising Counter