Fábrica abandonada
Ao passar na estrada, ensanduichado
Junto a uma velha usina de fantasmas
Todos emparedados, como em Douaumont,
Entre ruídos ausentes e grafittis
Penso que, em verdade, nada sei.
O que sou, o que sei, mas que diabo?
E deixo os conhecimentos todos
Inteiros, plenos, a quem julgar tê-los
Assim mesmo, séria e candidamente
Como a sabedoria dos arcanjos
Coelho a anunciar o fim das eras
Cristas a mostrar-se confiante
May a alertar para inimigos vagos
Um cantor a imitar Syd Barrett
Cinco décadas totais atrás da meta
E concentro-me na rádio e na condução.
Os dias repetem-se pelo mundo fora
Quer chova, faça sol ou vente
E em Douaumont pingam nas paredes gotas finas
Como o sangue que se esgota dos que já partiram
Quem os chorou? Uma mãe, pai, esposa, filhos
Amigos talvez, a pátria não
Que a pátria vive sempre à sombra das usinas
Amante exigente e superficial
E o que resta são muros vazios, condutas retorcidas
E a deslocalização das almas e das vidas
Fotografia Fábrica abandonada, de El Club Digital
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