Engrenagem
Passa um bicho sossegado
Pelas traves carcomidas
Entre as sombras escondidas
E um raio de luz isolado
Sopra um vento inesperado
Um tremor indefinido
E eis o bichinho caído
Num mecanismo apanhado
E rodam as engrenagens
No seu ruído infernal
Noções de bem e de mal
E o bichinho nas voragens
Roda a porca, o parafuso
Choca o pistão fortemente
O gongue da hora urgente
Num labirinto difuso
E o bicho foge ao abismo
No inferno do movimento
Atirado a contratempo
Nos fundos do mecanismo
Cai um negrume vermelho
E o mecanismo insciente
Mói o bichinho inocente
No lagar do vinho velho
Quem lhe bebe a vida então?
Mais bichos atarantados?
Mecanismos escravizados?
O carregador do botão?
O esmagar é incalculado
Captura mortos e vivos
E o deus das flores e dos crivos
Dorme num quarto isolado
Imagem de: www.worldclasspromotions.com.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home