O medo do poeta
O poeta percorre planícies e montanhas,
Dorme a céu aberto, sob estrelas e tormentas,
Acha abrigo entre as rochas e em casas de má fama,
Faz voto de silêncio e dialoga com estranhos,
Observa a águia solitária e os carreiros de formigas...
Encontra, enfim, uma fonte seca e as musas encerradas em cozinhas.
Enfrenta o mais fundo dos seus pavores! Que fazer?
Escrever sobre política e entretenimento?
Teorizar a morte e enrodilhar-se contra os colos de prostitutas,
À luz trémula das velas, em bancos de madeira carcomida,
Alagar o corpo de fluídos caóticos e adormecer?
Interroga um passarinho morto, empalhado no local...
"A seca é natural no mundo", pia o passarinho distraidamente.
"E Calíope? E Érato? E Polímnia? E todas as nove musas?"
"As musas são naturais em ti", responde a ave.
"Quantos versos desencontraste à procura desta fonte?"
Imagem original de www.guiguerelandscapedesign.com.
2 Comments:
Fantástico meu poeta.
Beijinho.
Sí, estoy de acuerdo. Me cuesta un poco traducir pero finalmente entiendo y me maravillo de tus ideas.
Abrazos.
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