Da ausência eventual de Deus
Recordo tecnicamente o êxtase da existência
A mão divina como uma rede para equilibristas
Isso era num espaço que alargava as vistas
Num tempo não consumido pela luz da ciência
Fiz-me então um ultra-romântico bizarro
Como uma Cassandra sem fé sustentável
Preso a uma cruz de pau maleável
Denso como o incenso que imita o cigarro
Nem sei bem se existo no fado da morte
No vira da vida, no can-can perdido
Que me chega vago ao cérebro, ao ouvido
Todo diluído num remoinho forte
Quero uma moeda para cruzar o rio
Quando chegue a hora pouco consistente
Um beijo na cama como manta quente
Para contrariar o inverno e o frio
Para equilibrar o grande vazio
O imenso buraco de um Deus insciente
Imagem de: http://exigeant.canalblog.com (tela de Ben Goossens).
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