sábado, abril 04, 2009

Paisagem cubista





Um automóvel azul cruza a noite silenciosa vejo-o da janela de um hotel proibido fumar e lanço a pirisca no vazio de um largo numa pequena cidade serrana arroz de carqueja feijocas e vinho local para onde vai para onde foi instalaram um atm na aldeia onde no velho café já não jogam cartas e ninguém fala alto é agora um mini-mercado todas as caras são desconhecidas e o mirante do relógio cobre o tempo de patos bravos migrantes inocentes das suas asas modernas aterram nas festas estivais ao longo dos anos que desenvolvido está este centro de novas tecnologias altos prédios cor de rosa e cadeias de restaurantes tão iguais perto do pólo universitário e no portugal de hoje tudo proibido oferece-me uma aguardente caseira mas não proibiram também os alambiques é necessária autorização suponho e não é fácil ele encolhe os ombros mas a serra cresce entre o vento agreste farrapos de nuvens e neve gasta no silêncio fundo só uma nuvem numa chávena de chá preto quando o presente contamina a paisagem ao som nervoso esbracejante das buzinas e ruídos e filas do fim de tarde crises e despedimentos dá-me um beijo e as estrelas voltam a brilhar em sonhos interligados


Imagem de: www.algo.online.pt.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A serra já não é o que era, mas se, depois de um beijo, as estrelas voltam a brilhar em sonhos interligados, este é um momento de felicidade que devemos agarrar.

Beijo e parabéns.

Luísa

2:37 da manhã  

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