Luz branca
O poeta chegava de uma longa viagem pelos continentes
Onde as gentes vivem imóveis na esperança do movimento perfeito
Gotas de suor misturavam-se-lhe na pele com a chuva intemporal
Todo o seu olhar eram imagens inauditas como filmes de autor
Na planície deserta do caminho entrou numa casa
Abriu a porta, olhou em volta e sentou-se entre os presentes
Quem és, de onde vens, o que tens para nos contar?
Era uma casa abastada entre longas cortinas cor do ouro
Trouxeram-lhe carnes suculentas, vinhos exóticos chegados do Oriente
O poeta declinou
Mostraram-lhe rios eldorados poderosos com a potência de altas cataratas
O poeta declinou
Apresentaram-lhe as mais belas ninfas de lábios rubros como rosas primaveris
O poeta declinou
Trouxeram, mostraram, apresentaram, inquietaram-se com a exigência do poeta
Que queres no fim de contas, diz-nos, como compensar o teu cansaço?
Então, pediu uma folha branca e nela desenhou um pequeno ponto branco
O mundo continuava insone, imóvel, à espera de um movimento
E no chão, entre os presentes, o poeta adormeceu com um sorriso matinal
Imagem de: http://solarider.org.
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