sexta-feira, abril 14, 2017

Uma dama de rubro negro


Em tempos infinitamente além
Uma dama rubra de negro vestida
Cruzou meu caminho, sempre eu de partida
E, numa voz cava, falou muito bem

O seu discurso composto de imagens
Colava-se às mentes dos pobres mortais
Em calafrios quentes, sensuais
Que prometiam eternas viagens

Dizia: “Sou uma amante muito ciosa
Que nunca abandona os seus protegidos
E se, acaso, ficam desvalidos
Redobro o meu gozo, a aura poderosa”

E eu perguntei, só por desfastio:
“Ofereces um lar, uma luz vibrante,
A felicidade mais do que um instante?
Que amor ofereces mais do que o vazio?”

Não se zangou, toda ela controlo.
“Quem me desposa vive só para mim
Porque sou o princípio, o meio e o fim
E o único erro é o ouro do tolo”

“Queres experimentar-me, assim tu bem hajas,
Sem compromissos, pelo prazer maior?”
E eu, para a afastar, olhando em redor,
Respondi: "Lamento, não gosto de gajas"
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