segunda-feira, maio 05, 2008

Maio na terra do nunca





A revista relembrava o Maio de 68
E pedras rolaram
Voaram das páginas ordenadas
O cheiro agudo dos automóveis ardidos
Os capacetes negros dos guardadores de rebanhos
Os cabelos desgrenhados ao vento louco do norte
Libertário
Salto temerário na branquidão vazia
Onde tudo nunca pode ser construído e destruído
Como um poema desconhecido sem estrutura nem ideia
Meu filho que nasceste em mil novecentos e noventa e oito
No meio das podas insensíveis de todas as florestas
Das moralizações paradoxais e das proibições
Dos fluxos migratórios de patos bravos em queda livre
Dos crimes especulativos e multinacionais
Da industrialização plastificada da expressão
E tudo em ti é avaliado e escrutinado
És um bit menor numa base de dados deslocalizada
Todos os incêndios acalmados prestes a explodir
A ruína asséptica da mordaça na utopia
E quem se importa já? Quem canta?
Os revoltados que fumam charros em sofás?


Imagem de: http://diversoutsita.free.fr.
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