domingo, dezembro 24, 2006

Natal outra vez

Votos de um bom Natal para todos.
Jorge

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Vazio/Normalização


Eis-me poeta produtivo...
Não mais assim, só cidadão.
Fiquei sem notas para a canção,
Mais atonal mas não mais vivo.

Não trago imagens na cabeça...
Esgotou-se-me toda a emoção.
Fui engolido pelo alçapão
Deste universo feito à pressa.

Nada mais espero, nada mais...
Pelos caminhos desiguais
Morreu o jogral, o trovador.

Morreu de tédio e desamor,
Dessa miséria, desse abcesso
Pleno de nada e insucesso.


Imagem de www.plif.net.

As máquinas mataram os pinhais


As máquinas mataram os pinhais
Dos Fetos, do Cuco e dos Malmequeres.
Verteram-lhes cimento por cima,
Expulsaram as aves e a brisa,
Mataram as nascentes do passado,
Trocaram-nas por canos e progresso.
Deixem-se de ecologias hipócritas!
Ninguém se culpa de nada
E a morte cai por destino.
Devolvam-me o tempo ido
Ainda agora, já agora,
E o pão com chouriça às cinco horas!
Os tojos cobriam as colinas,
Felizes que eram no seu tempo...
O tempo que me aconchegava
Quando passava sem saber
E que era um sol gigantesco
Iluminando a inocência...
Dêem-me o que não perdi
Porque nunca cheguei a ter,
Salvo na doce ilusão
Que era a vida a decorrer...


Imagem de www.northerngrid.org.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Estação à noite


Tão desoladamente gélidas, as estações da CP!...
Recordo-me, embora me não recorde
Salvo de imagens a preto e branco
Ou em cores naturalmente desbotadas,
De velhas máquinas ruidosas, fumarentas, vivas
E da movimentação humana a trinta à hora...
Essas é que eram as estações da CP!
Hoje, tudo é silêncio e penúria.
É noite e chuvisca tristemente.
Pedem-me dinheiro para a droga;
Dizem-me que é uma prenda de Natal.
Alguém cabeceia sobre um copo de plástico vazio.
Tudo é plástico e eléctrico esta noite.
E o altofalante anuncia partidas e chegadas
Em palavras ininteligíveis e logo aniquiladas
Como todos os discursos e os seres viventes...


Imagem de www.travelblog.org.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Rosas rubras


Cravos, choveram já aos molhos
Como agora não termina esta morrinha.
Foram vermelhos, definharam
E a água varre-lhes as pétalas secas
Uma a uma, tão isoladas no fim
Como é natural em todas as coisas naturais.
Estiveram todos vivos e morreram...
Uns eram melhores, outros piores,
E todos poeticamente subjectivos
Como a própria ciência e a religião.
São necessárias rosas,
Rosas de mudança, rubras, rubras,
Para que pelos ciclos permanentes
Que ainda fazem pulsar corações ocasionais
Flua, ao menos, a ilusão da vida!


Imagem de www.ehhs.cmich.edu.
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