terça-feira, novembro 21, 2006

Tempo outonal


A monotonia asténica dos dias sem idade
De Outono, a cada passo mais nocturnos,
Espelha-se nos olhares esguios, soturnos,
De quem nas ruas arrasta normalidade.

Até os mendigos se escondem em entradas,
Imóveis, à espera de sopa e de alento,
E tudo estaca, inclusive o vento,
E os ricos resguardam-se em salas fechadas

A chuva esconde-se nas nuvens, ao fundo,
Como envergonhada da cinzentidão
Que cobre o universo de solidão...

E o tempo discorre, tão lento e perdido
Que tropeça nas horas. Vai distraído
E quase desmaia, como as cores do mundo.


Imagem de http://isobe.typepad.com.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Poema popular


O que as pessoas falam
O que dizem as pessoas
Coisas más e coisas boas
Coisas que quebram e estalam

Palavras que se derretem
Nas coisas que a gente diz
Com a boca e o nariz
Coisas que comprometem

E eu, de boca calada
Com os lábios secos de vida
Escuto a algazarra perdida
Na negridão do meu nada


Imagem de www.guia-madeira.net.
advertising
advertising Counter